Se inspire com o trabalho da artista-artesã Jéssica Costa

Como começou a trabalhar com técnicas manuais têxteis

Jéssica Costa trabalha com técnicas manuais têxteis há mais de 10 anos, já percorreu diferentes espaços dentro deste meio, desde trabalhar diretamente com fios e matéria-prima, até com ensino de técnicas como o tricô dentro de faculdades, espaços culturais e de arte. Durante esse período percebeu um considerável crescimento de interesse e retomada destas técnicas dentro das artes.

Tem formação têxtil pelo ateliê Knit-1 e SENAI e moda pela Faculdade Santa Marcelina, estas experiências contribuíram muito para que a Jéssica enxergasse o tecido como uma matéria-prima altamente manipulável e potente. Durante a faculdade começou a pesquisar técnicas manuais têxteis, partindo especificamente do tricô, ficou fascinada pela possibilidade de construção de forma, caimento e textura através de um único fio.

“Me considero uma artista-artesã o que torna o fazer manual parte vital no meu processo artístico. Percorro por um processo de “pintura”, porém diretamente com fios e lãs. E ter controle e domínio técnico do processo faz com que eu tenha um olhar diferente e consiga explorar ainda mais os recursos de volumetria, tridimensionalidade que uma tapeçaria pode incorporar.” comentou Jéssica.

De subjetividade feminina a infiltração, tudo vira inspiração

Suas principais referências são a subjetividade feminina e a relação com o espaço doméstico, uma tentativa de fazer a materialidade têxtil transpor paredes e ocupar novos espaços.

Jéssica se inspira até mesmo diante de um problema:

“A impossibilidade de ir do privado ao público, algo que já atravessou a condição da mulher enquanto indivíduo social por muitas décadas, me serviram de influência na série ‘O que consome’, por exemplo. Depois de observar uma pequena infiltração hidráulica na parede de casa e de que forma aquilo ia consumindo os espaços vazios, infiltrando lentamente nos entremeios da parede, associei a este sentimento da mulher de querer transbordar e colocar para fora desejos e sentimentos.”

A tapeçaria se apresenta como um objeto têxtil, uma extensão de um corpo que como um organismo vai invadindo e ocupando a arquitetura do espaço. Usa diferentes fios, tecidos simultaneamente para criar matizes e nuances para variações cromáticas. Acredita que esse processo de “pintar com fios” dá uma nova perspectiva sobre técnicas historicamente menos reconhecíveis nas artes visuais, como são os têxteis.

Às vezes parte da pintura em papel como objeto de estudo das formas e composição cromática, depois transpõe para os fio e tecido.

“Gostaria de ressaltar que os fios da Pingouin fazem total diferença no meu processo por conta da extensa cartela e pelas cores maravilhosas.” Jéssica Costa

A materialidade têxtil provoca aguçamento dos sentidos

Sobre a maneira como as pessoas percebem a sua obra, comentou: “Ao trabalhar com abstrato e formas mais ‘orgânicas’ abre-se espaço para diversas interpretações que partem muito das experiências e percepções de quem observa, acabo gostando muito deste desdobramento, de ouvir de cada pessoa como o trabalho atravessa.”

Acredita que a materialidade têxtil provoca o aguçamento dos sentidos no espectador, trazendo associações e memórias muito particulares, fugindo inclusive dos conceitos originais propostos pelo artista, fazendo a produção ganhar vida própria. 

Onde ver o trabalho da Jéssica Costa

Recentemente participou da mostra “O Tempo das Coisas” que ocupou o andar de um antigo prédio desativado na região central de São Paulo. Atualmente seu trabalho está exposto na exposição “Intelectual Beauty” promovida pelo Museu Têxtil, um museu 360º virtual. Para ver o trabalho da Jéssica Costa basta acessar a página do Museu Têxtil ou o perfil da artista no Instagram.

Aqui no blog você vai encontrar outros artistas que trabalham com arte têxtil, como a Anne Galante que se expressa através do crochê e tricô.