Eles também têm forte influência no repertório folclórico brasileiro. Personagens como Curupira, Boitatá, Caipora são de origem indígena. Aliás, por aqui você encontra um post sobre o nosso folclore, com uma receita fofíssima do amigurumi Curupira.
Nossa culinária está cheia de referências indígenas, como a utilização da mandioca e seus derivados (tapioca, beiju, polvilho, etc.), a canjica, pamonha, o pirão, entre muitos outros. Além disso, incorporamos palavras de diversas etnias ao vocabulário do português brasileiro, como caipira, capoeira, guri, paçoca e pipoca. Sem contar os diversos nomes de cidades, Arapongas (PR), Gravataí (RS), Guarapari (ES), Guarulhos (SP), Ipatinga (MG), Itabuna ,(BA), Igarassu (PE),Itaboraí (RJ),Sorocaba (SP), Uberaba (MG) são alguns exemplos.
Riqueza da arte indígena
Fonte: Tucum Brasil
Possivelmente o maior destaque do legado indígena seja a riqueza de sua arte, as cestarias, cerâmicas, máscaras e plumária, nos encantam pela beleza e originalidade. No passado produziam esses objetos para fins utilitários e ritualísticos, atualmente, viraram cobiçadas peças de decoração. Uma tradição que resiste ao tempo e ganha cada vez mais apreciadores.
Os materiais mais utilizados por eles são a palha, junco, sementes, caroços de frutas, madeira, cipó, barro, ossos e dentes de animais, penas, plumas e fibras de plantas de uma forma geral.
A arte marajoara, feita pelos povos que habitavam a ilha de Marajó, no período de 400 a 1.400 d.C. é considerada a produção cerâmica mais antiga do país. Atravessou fronteiras, sendo reconhecida internacionalmente. Uma arte que segue preservada até hoje pelos indígenas da região.
Também são muito conhecidas as biojoias indígenas, colares, pulseiras e brincos produzidos com sementes, caroços, fibras e corantes naturais. São peças típicas que carregam todo o repertório cultural de gerações passadas.
Importante lembrar, que a arte indígena, além de original e vasta, é o meio de sustento de diversas famílias que lutam diariamente para preservar suas culturas.
Indígenas são os guardiões das florestas
Em tempos tão difíceis para o meio ambiente, os povos originários são figuras importantes para a preservação do ecossistema, são os grandes guardiões das florestas. Uma pesquisa realizada pelo Banco Mundial comprovou que os indígenas representam apenas 5% da população do planeta, mas são responsáveis pela proteção de 80% de toda sua biodiversidade.
Segundo o último Censo Demográfico do IBGE (2010), a população que se declara indígena é de 817.963 indivíduos, desse total, apenas 57,7% vivem em Terras Indígenas oficialmente reconhecidas. Já imaginou o ganho que teríamos para o meio ambiente se aumentássemos as áreas indígenas demarcadas?
Nos deparamos a todo momento com o desrespeito e preconceito pela cultura tão rica e diversificada dos povos originários. Muitos costumes e tradições ainda são desconhecidos pela maioria dos brasileiros. Os indígenas que tanto ajudam a preservar a florestas, tem suas escassas áreas constantemente invadidas por garimpeiros, caçadores e extratores de madeira ilegal, um total desrespeito ao modo de vida e conhecimentos antigos dessas populações.
No Brasil existem 305 etnias falando mais de 274 línguas diferentes. Cada uma delas tem suas características e costumes. Tradições que precisam ser preservadas, como o Kuarup, uma celebração indígena que homenageia os mortos ilustres, realizada na região do Alto Xingu, no Mato Grosso. Respeitar a cultura dos povos originários é honrar as nossas origens e reverenciar os antepassados que ocupavam essas terras muito antes dos europeus chegarem por aqui.
Hoje, 19 de abril é dia do índio, um bom momento para refletirmos sobre a nossa relação com essas pessoas. Respeitar seus costumes, ajudar a defender seus direitos e apoiar o trabalho deles como artesãos.