O que é fato e fake na História da Independência do Brasil

Quando falamos em independência do Brasil, automaticamente vem à mente a famosa frase “Independência ou Morte!” e a imagem de Don Pedro I montado em um cavalo suntuoso. Mas será que as coisas aconteceram assim? Hoje vamos te contar o que é fato e fake na história da Independência do Brasil, que, aliás, completa 200 anos hoje. Você vai perceber que D. Pedro I, apesar de ser um personagem histórico importante, no final das contas “foi gente como a gente".

O quadro “O grito do Ipiranga”

A imagem de D. Pedro I imponente, tão cristalizada em nossas mentes, se deve ao famoso quadro “O grito do Ipiranga” também chamado “Independência ou morte” do artista Pedro Américo. Nele o futuro imperador do Brasil, vestindo um impecável uniforme de gala, monta um bonito cavalo enquanto ergue gloriosamente sua espada. Ele está cercado por senhores bem-vestidos, com seus chapéus levantados, ovacionando o novo imperador. Em frente a D. Pedro, está uma numerosa guarda real, ostentando uniformes solenes, cheios de pompa e circunstância, todos com suas espadas erguidas, montados em cavalos viris. Ao lado, três camponeses observam o episódio.

Uma cena épica! Digna desse momento tão importante da nossa história.

Este quadro foi encomendado, 40 anos depois da independência, pelo governo da província de São Paulo para o salão de honra do monumento da independência (atual Museu Paulista da USP), que naquele momento estava em construção. Outro fato interessante é que o artista, Pedro Américo, pintou a obra em Florença (Itália), bem longe das margens do rio Ipiranga.

A obra é monumental, mede 7,60 m x 4,51 m, pertence à escola romântica, um estilo artístico que tem como uma de suas características a exaltação do sentimento nacionalista, nem que para isso sejam cometidos alguns exageros.

Os fatos e fakes que você verá a seguir estão relacionados com essa obra em especial, a ideia não é difamar, mas sim te mostrar um lado mais realista e curiosos dos acontecimentos. Para escrever esse post, usamos como fonte de pesquisa o livro 1822Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado, de Laurentino Gomes.

 

O suntuoso cavalo de D. Pedro – Fake

 

Quando chegou às margens do rio Ipiranga, D. Pedro estava retornando de Santos, subindo a lamacenta e íngreme Serra do Mar, por isso, precisava de uma montaria forte e segura, logo, a melhor opção para essa jornada seria uma mula, e foi justamente essa a sua escolha.

Segundo relatos do padre Belchior Pinheiro de Oliviera, que fazia parte da comitiva, D. Pedro montava uma “bela besta baia”, ou seja, uma bela mula castanha. Pelo menos a cor do animal é a mesma que a da pintura!

 

Comitiva numerosa e bem-vestida – Fake

No dia da Proclamação da Independência a comitiva que acompanhava D. Pedro era relativamente pequena, composta pelo coronel Marcondes, o padre Belchior, o secretário itinerante Luis Saldanha Gama, o ajudante Francisco Gomes da Silva, dois criados particulares e a guarda de honra (organizada nos dias anteriores e de forma improvisada).   

A partir daquele momento, a guarda de honra passou a ser chamada de Dragões da Independência. Eles não usavam uniformes pomposos como no quadro, nem mesmo D. Pedro ostentava elegância. Todos vestiam roupas simples, e estariam provavelmente sujas de lama e poeira da estrada.

 

“Independência ou morte!” – Não é bem assim

Os relatos das testemunhas mostram divergência quanto a isso. Segundo Padre Belchior: O príncipe virou-se para seu ajudante de ordem e falou: “Diga à minha guarda que eu acabo de fazer a independência do Brasil”. Já o alferes (oficial da guarda de honra) Canto e Melo, relatou a seguinte frase: “É tempo! Independência ou morte! Estamos separados de Portugal!”

 

D. Pedro rijo e vigoroso – Fake

D. Pedro era sim um homem vigoro, sofreu diversos acidentes ao pilotar carruagens em alta velocidade, era um excelente cavaleiro e famoso pelos inúmeros casos amorosos. Segundo a historiadora Mary del Priore as cartas trocadas entre o imperador e Domitila (Marquesa de Santos), sua amante preferida, eram recheadas de detalhes picantes e assinadas com apelidos como “Demonão” e “Fogo Foguinho”.

O fato é que justo no Dia da Independência, D. Pedro estava com uma baita diarreia!

O coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, subcomandante da guarda de honra, relata de forma elegante o estado de saúde do príncipe. Segundo ele, a intervalos regulares D. Pedro se via obrigado a apear do animal que o transportava para “prover-se” no denso matagal que cobria as margens da estrada.

 

Editar a realidade, pode?

Vamos combinar, um fato tão importante como a independência do Brasil não poderia ter sido pintado da forma como ele realmente aconteceu! Todo esse glamour tem o objetivo de exaltar o acontecimento, afinal é um fato histórico marcante.

Sinceramente, não podemos julgar. Essa atitude de “maquiar” os fatos, projetando uma imagem ideal é algo que todos fazem nas redes sociais. A maioria das pessoas só posta fotos e vídeos em seus melhores ângulos e dos seus melhores momentos. Se o clique não saiu perfeito, basta fazer outro ou aplicar um filtro bacana.

Se até para fotografar o nosso animal de estimação escolhemos um cenário perfeito, por que o quadro da Independência do Brasil seria diferente?

Comenta aqui embaixo se você sabia desses fatos e fakes.

 

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