A exposição foi construída durante as reuniões do grupo Tramaclube, um encontro de mulheres, organizado pelo Coletivo Langattomasti e coordenado por Thainá Melo e Giselle Parno, cujo objetivo é discutir o fazer manual e a relação com a literatura.
A Complexidade do Fazer Manual e a Conexão com a Essência Feminina
Nos encontros do Tramaclube, as participantes investigam as diversas camadas da complexidade do fazer manual, conectando-o com a essência feminina e sua história ancestral.
Inspiradas nas reflexões propostas por Gaston Bachelard em seu texto “A Poética do Espaço”, que explora a relação entre os lugares de uma casa e a experiência humana, as mulheres do Tramaclube concluíram que a gaveta, esse espaço íntimo e muitas vezes negligenciado da casa, guarda uma profunda ligação com o fazer manual.
Movidas por essa percepção, as artesãs começaram a remexer nas memórias afetivas guardadas em suas próprias gavetas. Essas lembranças foram levadas aos encontros do grupo, onde juntas construíram uma teia de memórias coletivas, selecionando cuidadosamente quais delas seriam representadas nas gavetas da exposição. Um aspecto interessante desse processo foi a constatação da presença marcante das recordações relacionadas às avós de cada uma delas, um elo que ultrapassa as diferenças individuais.
O Fazer Manual Tangível e Duradouro
Para solidificar essa experiência, as artesãs optaram por criar um gaveteiro em crochê, uma forma de personificar o fazer manual em algo tangível e duradouro. Cada gaveta guarda as lembranças de uma dessas mulheres, mas também a essência de quem as criou.
Além disso, os visitantes são convidados a contribuir com suas próprias memórias, deixando um pedacinho de si em uma gaveta pública. O formato inusitado do gaveteiro convida à interação, incentivando os visitantes a interagir com a peça e descobrir os segredos que estão guardados ali e até mesmo se identificar com essas lembranças.
Em paralelo com o tecer, o projeto também gerou um livreto com pequenos textos que remetem a história de cada uma das artesãs e ao significado do conteúdo de suas gavetas. Se você se interessou por essas histórias, basta fazer download abaixo.
Confira aqui o livreto Gavetas de Memórias.
Uma Experiência Imperdível
Segundo a Thainá Melo, coordenadora do Tramaclube, A exposição “Gavetas de Memórias” só foi possível graças ao apoio da Fios Pingouin e da prefeitura do Rio de Janeiro, que cedeu o espaço no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica. Então, não perca a oportunidade de mergulhar nesse universo de memórias e emoções. A exposição estará em cartaz até o dia 23 de fevereiro, com entrada franca para todos os visitantes.
Exposição: Gavetas de Memórias
Local: Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica.
Entrada franca
Até 23/02/24
Artesãs participantes do Gavetas de Memórias
Andrea Gomes – @com_o_coracao_de_cora
Drica Patrício – @adriana_patricio
Iza Neves – @__izaneves
Regina Bragatto – @regina.bragatto @nocriado
Rita de Cassia Garcia Dias – @atelie_rita_artesanato
Rosângela Belato de Andrade Rodrigues – @rbelart
Técia Maria Pereira Duarte – @temapedu @nocriado
Se você gostou da proposta do Tramaclube, talvez se interesse pelo Projeto Tecendo Livros, disponível aqui no blog, uma iniciativa da artesã Débora Alves, com o apoio da Pingouin, que une livros e crochê.
O objetivo do projeto é apresentar bons livros, de autores e países diferentes, algumas vezes desconhecidos, para provocar experimentação, inspirar e enriquecer o repertório cultural e de referências. Em paralelo a isso a artesã ensina técnicas e receitas de crochê inspiradas nessas obras, como esse lindo jogo americano inspirado no livro “Antes que o café esfrie”, do escritor Toshikazu Kawaguchi.
2 comentários em “Exposição Gavetas de Memórias”
Fazer animais em amigurumi , bonwcas
Foi um projeto que atravessou 2 anos…eu embarquei no caminho, há 1 ano e meio, e tive o prazer de compartilhar momentos especiais, conhecendo as histórias e memórias cheias de afeto, que foram brotando a cada encontro… a fase de concepção de como materializar estes sentimentos e a execução propriamente dita, foi um processo de muito aprendizado. É extremamente gratificante e nos enche de orgulho e alegria poder compartilhar todo este afeto que o fazer manual proporciona. É sobre conexão com o feminino e com a ancestralidade 🥰🧶