Câncer de Mama e Saúde Mental: Uma Conversa Necessária

Outubro é um mês especial, quando o mundo se pinta de rosa em apoio à campanha do Outubro Rosa, uma iniciativa valiosa que conscientiza sobre a importância da prevenção do câncer de mama. Na Pingouin, não apenas apoiamos essa causa, mas também a abraçamos com carinho todos os anos. Dessa vez, queremos ir além da conscientização sobre o câncer de mama e discutir a saúde da mulher em sua totalidade, com um foco especial na saúde mental.

Câncer de mama – a detecção precoce é essencial

O câncer de mama é a principal causa de mortalidade por câncer entre as mulheres no Brasil, com 11,71/100 mil mortes em 2021, concentrando-se principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Os principais sinais incluem caroço na mama, alterações na pele e mamilo, e nódulos no pescoço ou axilas. A detecção precoce é essencial para o tratamento eficaz, e justamente por isso, que todos os anos falamos sobre esse assunto e ressaltamos a importância de as mulheres conhecerem seus próprios corpos e serem capazes de identificar algo diferente.

É fundamental adquirirmos o hábito de nos olhar, apalpar e sentir, em caso de qualquer alteração procurar um médico. Se você tem dúvidas ou quer saber mais sobre os sintomas e tratamento do câncer de mama, não deixe de ler o post sobre a campanha de conscientização outubro rosa, aqui no blog.

Doenças mentais cada vez mais preocupantes

Para prevenir o câncer de mama, precisamos adotar o autocuidado como prática fundamental. No entanto, essa é apenas uma das enfermidades que requer nossa atenção. As doenças mentais estão se tornando cada vez mais preocupantes e, muitas vezes, devido a fatores culturais, podem ser difíceis de identificar e combater.

Ao longo da história, nós, mulheres, desempenhamos papéis cruciais na sociedade, cuidando das próximas gerações, dos maridos, das casas, dos pais e de outros idosos da família. O papel do homem era o de provedor. Embora essas funções sempre devessem ter sido compartilhadas, o cenário atual se complicou significativamente, à medida que nós passamos a assumir também o papel de provedoras. Isso nos colocou diante de uma série de desafios e pressões adicionais, incluindo a necessidade de nos destacarmos no trabalho, criar filhos excepcionais, bem-educados e bem-formados, manter a casa em ordem, cuidar da aparência e ainda desfrutar de uma vida social ativa. Embora as mulheres tenham sido gradualmente integradas no mercado de trabalho, o modelo de distribuição de tarefas que perdurou por séculos não se alterou, resultando em um aumento significativo da carga psicológica sobre nós.

Essa busca pela excelência em tudo, o que é claramente inatingível, está nos levando ao “burnout materno”, um estado de exaustão física, mental e emocional, geralmente causado pelo excesso de estresse e trabalho.

A psicanalista Vera Iaconelli, doutora pela USP e diretora do Instituto Gerar de Psicanálise, discute esse fenômeno em seu livro recentemente lançado, intitulado “Manifesto Antimaternalista – Psicanálise e Políticas da Reprodução”. Ela participou do podcast “O Assunto”, e explicou que, ao longo da história, as mulheres foram acumulando papéis sem receber a devida contrapartida da sociedade. Esse acúmulo de demandas tem levado muitas mulheres a adoecerem ou até mesmo desistirem da ideia de ter filhos.

Ela destaca, que muitas mulheres acreditam que estão falhando como mãe, em vez de reconhecer que o modelo atual de maternidade é que é o problema.

Esse sofrimento psicológico não é exclusivo de uma classe social específica. No entanto, mulheres brancas e mais ricas geralmente tem mais apoio, enquanto as mais pobres muitas vezes lutam pelo direito de cuidar de seus filhos em condições mínimas.

 

Mudança de mentalidade

Então, como podemos buscar soluções? De acordo com Vera Iaconelli, as saídas passam por mudanças sociais, econômicas e na mentalidade das próprias mulheres. É crucial nos conscientizarmos de que não precisamos ser super-heroínas e que é essencial buscar ajuda, seja por meio da rede de apoio familiar, terapêutica ou da sociedade como um todo.

Estamos diante de duas doenças sérias cujo diagnóstico passa pelo autocuidado, por aquele olhar carinhoso que devemos ter conosco, pelo entendimento de que não precisamos ser perfeitas, de que necessitamos de uma rede de apoio para dar conta de tudo, mas também temos que desenvolver um olhar mais empático para outras mulheres, sendo mais solidárias e menos críticas.

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